Consulado dos EUA no Brasil Concede Número Recorde de Vistos para Turistas mas Nega para Estudantes
Fonte: Comunidade News
Bolsistas no Brasil têm dificuldade em conseguir visto americano.
A cada ano aumenta o número de vistos americanos emitidos no Brasil. Até setembro desde ano, mais de 700 mil pessoas receberam o visto. A esmagadora maioria são de turistas, que enchem as lojas dos Estados Unidos e voltam para casa com as malas cheias de roupas e eletrônicos.
Mas uma parcela menor de brasileiros parece que não recebe o mesmo tratamento nos consulados na hora de requisitar um visto. Os estudantes de intercâmbio são vítimas frequentes da negação de vistos no país.
Taís Frazão, 19, estudante de Técnica em Alimentos da escola ETEC, em Sapopemba, interior de São Paulo, é uma das pessoas que, apesar de ter sido escolhida em sua escola para receber uma bolsa integral para estudar inglês nos Estados Unidos, teve seu visto negado duas vezes.
Em julho de 2011, Frazão foi escolhida entre todos os alunos por ter sido a estudante com as melhores notas, menor frequência e melhor desempenho escolar. A aluna, que trabalha em uma empresa do setor alimentício como técnica em qualidade, não perdeu tempo em começar a programar a sua vida para viajar até São Francisco, onde estudaria inglês em tempo integral na Kaplan International Centers.
Porém, antes ela precisava de solicitar o visto de estudante no consulado dos Estados Unidos. A entrevista foi marcada para o dia 5 de setembro deste ano. Com todos os documentos em mãos, Frazão foi atendida por uma mulher que, depois de fazer apenas quatro perguntas, disse que o visto foi negado. “Ela me perguntou o que eu fazia no meu trabalho, há quanto tempo eu estava trabalhando, do que os meus pais trabalhavam (sic), para onde eu iria. Respondi a todas as perguntas, e ouvi a seguinte resposta “Nossa! Você ganha muito pouco! Olha, não dá! Você ganha muito pouco, seus pais ganham muito pouco… não dá, hoje você não conseguiu o visto!”.
A resposta chocou a estudante que saiu chorando do consulado sem entender o motivo pelo qual teve o visto negado. “O curso é todo pago pela escola. As despesas com o curso, material didático, transporte nos EUA, passagem aérea de ida e volta, assistência medica e odontológica, seguro de perda de bagagem, entre outros, seriam pagos pelo Centro Paula Souza, além de uma ajuda de custo de US$ 400,00”, diz ela revoltada.
Orientada a tentar uma nova entrevista, desta vez ajudada pelo patrão que fez uma carta da empresa se responsabilizando por todas os custos dela enquanto estivesse nos EUA, Frazão retornou ao consulado no dia 12 de setembro. “Fui entrevistada também por uma mulher, mas não foi a mesma. Ela me disse: ‘você esteve aqui na semana passada, houve alguma mudança na sua situação?’. Respondi que havia conseguido um patrocinador. Ela me perguntou há quanto tempo eu estava trabalhando, a minha idade, quem era o meu patrocinador; perguntei se ela queria ver as cartas e ela disse que não, mas depois me pediu, e apenas elas, nenhum documento a respeito da situação financeira da empresa, também me pediu os meus holerites. Ela me disse que eu não havia conseguido o visto, e me entregou uma carta. Perguntei porque e ela me disse que a carta explicaria tudo”.
Frazão disse que ficou sem reação e novamente chocada pelo descaso que recebeu. Sem se conformar, a estudante diz que não acha justo ter ganho uma bolsa de estudo com sacrifico, pago todas as taxas do consulado para no fim não poder viajar.
“Ganhei este curso, fui selecionada entre tantas pessoas, alimentei sonhos, para no fim não poder realizá-los. O tratamento que nos deram, a forma como falam conosco é totalmente desrespeitosa”, desabafa.
Outros casos
A história de Taís Frazão não é única. Em maio de 2010, Janynne Lorenna Souza Gomes, 24, estudante de Sistemas de Informação da Univale, em Governador Valadares, ganhou uma bolsa para estagiar na NASA, a agência espacial americana. O sonho da estudante também foi interrompido depois que o consulado dos EUA negou o visto de Gomes, alegando que faltava documentação. Uma segunda tentativa foi feita, mas novamente o consulado se recusou a emitir o visto, desta vez sob o pretexto de que o tipo de visto solicitado não era adequado.
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