Quem é Que Limpa a Casa nos Estados Unidos?

Pergunte à uma brasileira que cria seus filhos nos Estados Unidos, o que ela mais sente saudades do Brasil e, muito provavelmente, você ouvirá como resposta: empregada! Para quem cresceu acostumada com o esquema brasileiro de babá/empregada ajudando em casa, a vida de mãe nos Estados Unidos pode tornar-se um verdadeiro suplício.

Enquanto a profissional brasileira terceiriza os serviços da casa para uma empregada ou faxineira e os cuidados diários com os filhos à babá, a mulher americana acumula as funções profissionais com as tarefas domésticas. Em geral, as americanas trabalham fora, lavam roupa, limpam a casa, cuidam dos filhos, e ainda arranjam tempo para fazer “scrapbooks” e trabalhos voluntários na escola dos filhos. Será que elas são mais eficientes do que nós brasileiras?

Não se trata bem disso; mas sim de visões diferentes em relação a limpeza e organização do lar e, principalmente, de diferentes padrões de estrutura social. Para nós brasileiras, banheiros e assoalhos tem que ser lavados e esfregados todos os dias; roupas tem que ser perfeitamente passadas e dobradas; panelas tem que estar limpas e brilhantes e a casa tem que ter cheiro de limpeza no ar. Já para os padrões americanos, roupas não se passam; panelas não precisam estar brilhando para estarem limpas, banheiros são lavados apenas quando o cheiro começa a incomodar e brinquedos e poeira encostados no canto da sala não são classificados como bagunça nem sujeira.

Casais que decidem morar nos Estados Unidos, principalmente se tem filhos pequenos, são obrigados a adaptar-se a uma nova realidade de vida e visão de lar. O ideal de se trabalhar fora e chegar em casa para encontrar os filhos limpos, o jantar pronto e a casa arrumada não existe por aqui. Os serviços de empregadas domésticas e babás são caros e, na maioria das vezes, não cabem no bolso da classe média americana. Por aqui, as “diaristas” trabalham como “horistas”, cobrando por hora e atendendo várias residências por dia. Assim como em outros países desenvolvidos, empregada doméstica é coisa de gente rica.

Se por um lado, nos Estados Unidos, o trabalho doméstico cai sobre os ombros da própria mulher (e também do homem, não podemos esquecer-nos!), por outro lado, tudo é muito mais prático e fácil por aqui.  A sessão de produtos de limpeza de qualquer supermercado americano é repleta de paninhos mágicos descartáveis e produtos químicos maravilhosos que tiram manchas e limpam tudo em questão de segundos. Além disso, grande parte das residências americanas é equipada com lava-louça e máquinas de lavar e secar roupas. Sem falar nos aspiradores de pó de última geração que, com um simples apertar de um botão, saem limpando a casa sozinhos. Com a ajuda da tecnologia e produtos inovadores, as tarefas domésticas são apenas uma parte das várias funções diárias dos casais americanos.

É preciso lembrar-se, também, que em um país próspero e produtivo, a maioria de seus cidadãos está engajada em trabalhos bem-remunerados e com perspectivas de carreira. O fato de poucas casas americanas contarem com a ajuda de uma empregada doméstica é algo extremamente positivo, pois demonstra uma sociedade rica, onde as mulheres dedicam-se a atividades mais produtivas e com maior necessidade de estudo.  No Brasil, ainda existe um rastro dos anos de escravidão, onde havia a figura do “senhor “e do “servo”. O modelo “patroa-empregada”, predominante no Brasil, fortaleceu-se devido aos grandes bolsões de pobreza, à desigualdade social e ao alto número de adultos sem instrução e escolaridade. Porém, a existência de pessoas dispostas a migrar para as capitais, para morar na casa alheia e trabalhar por salários extremamente baixos, sem perspectivas profissionais, faz com que a economia funcione abaixo do grau de eficiência com que poderia.

Felizmente, o cenário brasileiro está mudando. Com a melhor distribuição de renda regional, o crescimento da economia e maior escolaridade da população, a tendência é que as empregadas domésticas também deixem de existir no Brasil. Será apenas uma questão de tempo para que a mulher brasileira também inclua as tarefas domésticas em sua lista de responsabilidades diárias.

Por mais prática que seja a vida nos Estados Unidos, o trabalho doméstico, em geral, é visto como algo não tão prazeroso, que alguém, alguma hora, terá que realizar. Conversei, portanto, com algumas mulheres que moram nos Estados Unidos, para saber um pouco sobre a opinião delas sobre o assunto. E você, o que pensa?

“É muito bom chegar em casa com jantar pronto, mesa posta e aquele cheirinho de limpeza. Só me conformo com a falta dessa ajuda porque encaro isso como uma troca: trocamos por segurança e limpeza nas ruas, pela confiança de que os serviços vão funcionar, de que ninguém vai passar na nossa frente na fila, ou roubar o estacionamento no shopping, que o transito e civilizado e que há milhões de parques bonitos e cuidados para aproveitarmos, enfim, me conformo com o fato de que não temos a nossa empregada porque ninguém precisa se sujeitar a cuidar da casa dos outros por um salário de sobrevivência, afinal são todos educados o suficiente para fazer melhor que ser empregada doméstica.
”

Ane Tröger , Los Gatos, CA, mora há 12 anos fora do Brasil, sendo 4 nos EUA.

“Sinto falta da minha “Maria”, mas também me sinto muito bem quando sinto o cheirinho de casa limpa quando sou eu que faço minha faxina! E aprendi a não ser tão desesperada com limpeza… O que eu acho que faz parte da vida americana. Meus filhos comem meu arroz e feijão, que cozinho só uma vez por semana e congelo. Não passo roupas, além das camisas de trabalho do meu marido. Meus vidros não são limpos toda semana, e as vezes, confesso, nem uma vez por mês… Mas abro minhas janelas todos os dias para o ar fresco entrar, sem medo de que “mais” nada entre.”

Gilda Tavares Bueno Gambacorta, Fremont, CA. Mora há 6 anos nos EUA.

” Também gosto da liberdade dentro de casa, da familia mais junta, da distribuição de tarefas entre os filhos, da sensação boa de ter limpado minha própria casa!…Claro que as vezes enlouqueço…mas pra mim isso tudo ja faz parte de ter uma familia e um lar!! Acho que tudo isso vale a pena quando vejo minhas amigas sendo assaltadas em São Paulo, vendo motoristas brigando com faca na mão, ou ficando presas no trânsito enquanto outra pessoa está na casa dela criando seus filhos.

Cristine Amorim , mora há 1 ano em San Jose, CA

 

 

 

Carol Freire

Carol Freire é escritora e mora há 11 anos na região da Baía de São Francisco, Califórnia. Seu romance de estreia "Além das Fronteiras" foi inspirado em sua vivência no exterior, e aborda temas como multiculturalismo e identidade cultural. O livro está disponível em português para leitores nos EUA, Europa e Brasil, através da Amazon e sites das principais livrarias. Para saber mais sobre a autora, visite http://www.carolfreire.com e seu blog http://blog.carolfreire.com. Para contactá-la, envie e-mail para contato@carolfreire.com

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21 Comentários
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Georgina Lopes da Silva
Georgina Lopes da Silva
5 anos atrás

Quero trabalhar aí nos Estados unidos

joilça de jesus
joilça de jesus
6 anos atrás

Oi,quero trabalhar aí com meu filho e meu esposo somos da igreja … Conhece alguém ? Sou Cuidadora de Idosos aqui,mas cuido de criança e da casa também. Obg. 🙂 faço faxina tchau obg ??qual coisa responda o comentario

Mary Ceiça
Mary Ceiça
7 anos atrás

Kkkk tô aqui morrendo de rir, enquanto esse Paulo Ricardo aí em cima enche a bola dizendo que o povo gaúcho vai para os USA empreender a outra mais embaixo, Anelize, diz que a gaúcha tava lá ilegal e ainda explorava outros brasileiros e até os próprios filhos menores kkk é de morrer de rir mesmo viu. mas os brasileiros que teem a coragem e deixam suas origens em busca de uma vida melhor e lá conseguem isso honestamente meus parabéns, em breve também quero ir embora deste país do jeitinho e de gente papuda assim como esse Paulo Ricardo… Read more »

marina
marina
7 anos atrás

A senhora é escritora? Que vergonha porque encontrei diversos erros de gramática, pontuação e concordância no seu texto. Mas o pior de tudo é a repetinção impensada dos jargões estereotipados que se vêem na televisão ou ainda são ensinados neste governo petista…que asco! pessoas como a senhora, vivendo de capitalismo, que se preza a defender “idéinhas” estúpidas marxistas…acorda minha senhora! leia! aprenda a verdade! que feio…sai no brasil a fica escrevendo besteira. por isso acham que somos ignorantes…

anelize
anelize
10 anos atrás

Eu estou morando nos eua .. sou casada com americano e tambem concordo com alguns comentarios dizendo que nos eua so esta o lado podre e pobre do brasil , isso e verdade.. Moro na florida e oque vejo sao muitos brasileiros , usuarios de drogas, que roubam , mentem , fazem calotes , se sentem espertos, sao bandidos, desonestos, porcos, e falsos, alem de serem invejosos. sao a classe que nunca virou e jamais viraria algo no brasil e vem aqui fazer *&%^*… Gracas a deus eu nao me misturo com esta brasileirada bandida que vem trabalhar aqui.todos eles… Read more »

Gis
Gis
6 anos atrás
Reply to  anelize

Meu esposo diz que Florida nao faz parte dos Estados… Se quizermos vivedr mais na Cultura Americana. Florida nao e’ o melhor lugar para ser vicer. Minha opiniao. Boa Sorte !

paulo Ricardo
paulo Ricardo
10 anos atrás

Agora estamos entrando com nosso produto : cavalo crioulo, genética do pampa , (Argentina, chile, uruguay, RS) estamos desbancando o manga larga e o apaloosa) mais uma vez o RS chegando para ficar de líder neste setor primário da economia americana!

paulo Ricardo
paulo Ricardo
10 anos atrás

Geralmente são bahianos, mineiros ou nordestinos que vão morar nos EUA, Gaúchos vão como turistas ou empreendedores( tramontina, termolar, tintas renner, killing, taurus, air bus, carrocerias guerra, marco polo (carrocerias de ònibus, considerada a melhor do mundo, (dinãmica & desenho) Gerdau, então junto com essas empresas estão mineiros e bahianos e nordestinos!

Marcia
6 anos atrás
Reply to  paulo Ricardo

Aí que vc se engana… A maioria que vai morar no EUA não é nordestino.
E por sinal, aula de português e geografia passaram longe na sua vida sulista, não é mesmo? “Bahianos, mineiros e nordestinos”…. Primeiramente, Baiano se escreve sem H, e segundo todo baiano é nordestino.

paulo Ricardo
paulo Ricardo
10 anos atrás

Lí alguns falando mal do Brasil, como se os EUA fosse uma maravilha, São pobretões que tentam comprar carro, casa e porcarias do tipo,pois aqui não eram qualificados, vou aos EUA, Boston, (Trilha da liberdade) Monte vernom ( Geo Was), montecello ( Tomas jefersom) visito sítios historicos, e vejo um bando de gordos , que não conhecem a própria historia, 80% não sabiam da rev americana, e nem conheciam os fatos !gente feia e mal educada!vou como turista, ea pior comida possivel é a deles!! que fiquem limpando pinico de americano! Brasil para brasileiros bons!

Renato Alves
10 anos atrás

Discordo do comentário do AML. Primeiramente a autora cita uma certa classe de brasileiras como possuindo empregadas e não todas as brasileiras. É claro que a maioria das brasileiras não têm empregada, assim como a maioria das brasileiras sequer pertence à classe média. A autora se refere à classe da “profissional brasileira”. Sim, é verdade, toda mulher que trabalha por tempo integral tem ajuda em casa. Se esta não for mãe solteira, o casal com certeza contratará uma empregada, também pelo fato de que os filhos, geralmente, só estudam por meio período na escola – diferentemente daqui. Em São Paulo… Read more »

Ebenezer Lessa de Miranda
Ebenezer Lessa de Miranda
10 anos atrás

Olá. Entrei em contato com uma universidade dos EUA, e estou quase fazendo os ajustes finais para ir fazer Pós lá. Nesse caso, terei que pegar visto de estudante, correto? Estando lá, após acabar a Pós, posso mudar meu visto para trabalho? Como será o procedimento? Obrigado.

ge
ge
10 anos atrás

o comentario de AML em 1 de setembro foi super correto
de fato, as brasileiras ( na maioria) nao tem ou nunca tiveram empregada.
as que tinham, inclusive com as devidas exploracoes de colocar as mocas pra trabalhar no domingo, que devem sentir falta.
para mim, nao seria problema afinal, eu cuido da casa desde 9 anos de idade, para minha mae e pai trabalharem.

J.F
J.F
10 anos atrás

Bem ..achei seu artigo interessante!!! . MASS concordo com o AML. Eu sou dessa classe favorecida mais o que mais vejo por aqui sao pessoas que vieram de classe baixa …..Pessoas bem humildes que Tiveram uma vida sofrida no Brasil e vivem no mundo deles aqui na America , como Essas EMPREGADAS ou os rapazes que trabalham em construcao ( no Brasil sao chamados de pioess )!! Para mim, parecem esta sempre felizes ….mais do que as dondocas reclamando do aspirador mais potente do mercado ( ohhh gente chata ) kkkkk Aww sim sim Sim …. Tenho saudades da Maria,… Read more »

Elza Miraglio
Elza Miraglio
7 anos atrás
Reply to  J.F

Oi,quero trabalhar aí … Conhece alguém ? Sou Cuidadora de Idosos aqui,mas cuido de criança e da cada também. Obg. 🙂

AML
AML
10 anos atrás

Achei o artigo muito interessante, mas descordo com a idéia de que a maioria das brasileiras nos EUA já tiveram empregada e/ou babá. Inúmeras brasileiras – no Brasil e nos EUA – nunca tiveram empregada. De fato, a maioria das brasileiras não têm empregada, porque não têm a renda suficiente… o padrão de limpeza é a mesma, mas o apoio em casa vem das familiares, das vizinhas. E as próprias empregadas? Elas trabalham, muitas vezes 6-7 dias por semana ou até morando na casa do patrão, criam filhos, e a grande maioria não tem empregada. A autora descreve a desigualdade… Read more »

Margarete
Margarete
6 anos atrás
Reply to  AML

Estou a procura de faxina aqui em miame será que também não fazem faxinasnkk

Paulo freire
Paulo freire
10 anos atrás

E viva o aspirador, que venha o robot.

Georgina Lopes da Silva
Georgina Lopes da Silva
5 anos atrás
Reply to  Paulo freire

Trabalhar como doméstica no estado Unidos

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